Com as polêmicas que estão acontecendo com frequência no “BBB 21”, vários integrantes do reality já foram cancelados dentro e fora da casa. O principal alvo é a cantora Karol Conká, que tem arrumado brigas e não vem tratando tão bem os colegas de confinamento. Especialistas afirmam que a cultura do cancelamento gera impactos mentais tanto em quem é cancelado quando no cancelador.
— O cancelamento gera uma sensação de isolamento, e isso impacta a saúde mental. Nós somos seres sociais, não somos feitos para vivermos sozinhos. Nós demandamos muito amor e acolhimento, e perder isso gera um grande desespero — explica Bárbara Carissimi, coordenadora de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA).
A cultura do cancelamento é a prática de deixar de seguir e/ou criticar uma outra pessoa nas redes sociais com a finalidade de puni-la por um erro considerado grave. Normalmente, a pessoa é acusada de praticar racismo, xenofobia, homofobia, preconceitos em relação à classe social, gênero, e outras demonstrações de intolerância às minorias. Quando o cancelamento ocorre com uma pessoa famosa, normalmente espera-se que esta perca contratos ou que seus produtos não sejam mais consumidos pela população em geral.
— Viver em um ambiente em que você pode ser cancelado, em que você tá sempre sendo julgado, é muito difícil, porque andamos como se tivéssemos pisando em ovos, a qualquer momento eu posso desagradar o outro. Então, é o outro que chancela o que eu posso fazer e o que eu não posso fazer — afirma Daniela Generoso, psicóloga clínica pós-graduada em neuropsicologia.
Quanto mais importância a pessoa que é cancelada dá às opiniões dos outros, mais afetada pelo cancelamento ela será. Dependendo do erro que é apontado pelos demais, a pessoa começa a se questionar sobre sua própria personalidade e seu ponto de vista.
As especialistas apontam que é preciso tomar cuidado com a cultura do cancelamento, pois há casos em que o outro é cancelado apenas porque tem um ponto de vista diferente. E o cancelamento pode gerar inúmeros malefícios para alguém que apenas discordou de algo.
Humilhação pode ser tortura psicológica
A convivência conturbada da cantora Karol Conká com o ator Lucas Penteado fez com que os expectadores do programa a acusassem de tortura psicológica. De acordo com a psicóloga Alessandra Augusto, pós-graduada em terapia sistêmica, considera-se tortura psicológica situações que exponham uma pessoa a humilhações, subjugamento, privação de liberdade de fala, desvalorização, além do outro se impor como autoridade perante aquele que está sendo a vítima do abuso.
— Vale lembrar que este tipo de situação não ocorre apenas entre casais, mas também pode ser vista no relacionamento entre pais e filhos, de patrão e funcionário — destaca Alessandra.
Muito espantou o público do “BBB21” o fato de algumas atitudes da cantora na casa não terem incomodado os participantes do reality.
— Essa falta de reação pode ter ocorrido porque as pessoas concordam com o que está acontecendo ou porque ficaram com medo de reagir e irem contra uma pessoa que passa a imagem de liderança — avalia Bárbara.
Para Alessandra, quando uma pessoa comete a tortura psicológica, ela tem consciência de que está ferindo emocionalmente a outra pessoa.
— Ela pode não ter a dimensão dos danos que está causando no outro, mas tem consciência do que está fazendo, tanto que costuma aliviar de vez em quando para não ganhar o rótulo de abusador — explica a psicóloga.
Daniela termina frisando que uma pessoa que é submetida a uma tortura psicológica precisa de ajuda:
— Ela vai necessitar do apoio de amigos e principalmente de ajuda psicológica e psiquiátrica, em alguns casos.
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